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Com a humanização no trabalho, em vez de priorizar apenas a lucratividade e o resultado financeiro, entram na pauta temas como qualidade de vida, segurança no trabalho, saúde mental, autoconhecimento e educação continuada.


Uma empresa focada no ser humano é aquela que gira em torno das pessoas colaboradoras, fornecedoras e clientes, dando atenção às necessidades, objetivos, desafios ou preocupações que cada uma possui. São esses os parâmetros que criam uma gestão que contribui para relações e espaços mais saudáveis e inclusivos. 

De acordo com o estudo Empresas Humanizadas, organizações que têm como base a humanização no trabalho podem alcançar mais do que o dobro de rentabilidade financeira em um período de 4 a 16 anos. Isso porque a preocupação com os pilares de propósito, liderança e cultura consciente gera mais engajamento da equipe e aumenta a fidelidade dos clientes. 

Assim, fica evidente como a humanização no trabalho cria uma relação ganha-ganha, visto que as pessoas colaboradoras se sentem mais felizes e engajadas, se tornando mais dedicadas, comprometidas e realizadas, o cliente ganha mais atenção no atendimento, agilidade e foco na solução de problemas e toda a sociedade ganha com organizações mais produtivas e socialmente responsáveis.

Quais são as características de uma empresa humanizada?

Não existe uma fórmula mágica para tornar a sua empresa humanizada, porém, existem algumas características comuns a empresas que têm a humanização como valor central. No livro Empresas Humanizadas – Pessoas, Propósito e Performance, obra que é referência no assunto, os autores listam os 4 pilares principais de toda empresa que adota uma gestão consciente e emocionalmente inteligente a ponto de ser humanizada, são eles: 

  • propósito;
  • orientação para stakeholders;
  • liderança consciente;
  • cultura consciente.

Essas características se relacionam diretamente com o surgimento do conceito de capitalismo consciente no Brasil, pois o objetivo é conduzir negócios que criem diferentes valores para todas as partes interessadas (ou stakeholders) como financeiro, intelectual, físico, ecológico, social, cultural, emocional, ético e até mesmo espiritual. 

Além disso, para valorizar todas as pessoas que se relacionam com a empresa, as organizações costumam adotar uma série de estratégias e ações que contribuem para:

  • Construir relações mais democráticas e justas;
  • Melhorar a qualidade de vida e de trabalho;
  • Criar um ambiente diverso e inclusivo para eliminar as desigualdades e diferenças de raça, sexo ou credo;
  • Fomentar o desenvolvimento e crescimento das pessoas dentro e fora da instituição.

Pode até parecer uma tarefa simples, não é mesmo? Mas para a aplicação desses conceitos no dia a dia das organizações de forma genuína, é preciso investir em ações e ferramentas que aumentem o bem-estar no trabalho, fazendo os colaboradores se sentirem acolhidos durante sua rotina sem perder a agilidade e/ou a produtividade nos processos.

O que as empresas podem fazer para se tornarem humanizadas?

Lembra dos quatro princípios que todas as empresas humanizadas possuem: propósito, orientação para stakeholders, liderança e cultura conscientes? São esses os princípios que devem guiar a sua empresa na hora de criar uma estratégia de humanização no trabalho. 

Dica #1: descubra qual é o propósito maior da empresa

Empresas humanizadas se preocupam em ter um propósito que vai além do lucro.

Seja pelo impacto social, ambiental ou econômico, transcender a ideia de gerar lucro e considerar o impacto que a sua empresa causa no mundo é fundamental. O objetivo aqui é pensar sobre a razão de sua empresa existir.

  • Por que a empresa começou?
  • O que a sua empresa dá aos seus clientes, fornecedores e pessoas colaboradoras que vai além de produtos ou serviços?
  • Que impacto você causa na vida das pessoas?

Ter essas respostas é o primeiro passo para definir o propósito da sua empresa e mensurar o impacto que ela causa em toda a sociedade. 

Dica #2: desenvolva estratégias focadas nos stakeholders

A valorização das pessoas é o centro de uma empresa humanizada, por isso, sua empresa precisa dar atenção ao relacionamento com as pessoas desde o processo de educação e seleção de novos talentos, até mesmo o relacionamento pós venda com os clientes.

Toda estratégia deve levar em consideração o impacto que as ações a serem desenvolvidas terão nas pessoas colaboradoras, fornecedores, clientes, acionistas, comunidade e até mesmo no meio ambiente.

Dica #3: tenha uma liderança consciente

Longe da ideia de “chefe bonzinho”, o que chamamos de liderança humanizada se refere a uma pessoa com maturidade, sensibilidade, empatia e inteligência emocional para criar condições para que as pessoas sob sua liderança cresçam e realizem seus papéis profissionais de forma plena na instituição.

Líderes humanizados desenvolvem e consolidam práticas estimulantes e respeitosas, considerando as habilidades, as necessidades e também os limites de cada pessoa para influenciar não só no desenvolvimento profissional, mas também no crescimento pessoal das pessoas de sua equipe. Isso desde o momento da contratação, passando pela preocupação de situar as pessoas certas no lugar certo, fazendo acordos de desempenho bem alinhados às suas forças autênticas, dando-lhes voz e protagonismo, mantendo uma comunicação honesta, transparente, dialógica, empática e consistente.

Dica #4: construa uma cultura organizacional consciente

Todos os pilares anteriores precisam estar presentes na cultura organizacional. Mesmo se a cultura da sua empresa já estiver estruturada, é importante lembrar que cultura organizacional não é, ou pelo menos não deveria ser, algo “escrito em pedras”.

As pessoas mudam e com elas a sua organização também pode mudar, por isso, para criar uma cultura consciente é importante estar em constante melhoria e aperfeiçoamento. Nesse processo, é importante que todas as pessoas passem por capacitação e desenvolvimento constante, afinal, com um elevado nível de consciência surgem também pessoas mais inteligentes, maduras e com alto nível de confiança, efetividade, sinceridade e cuidados genuínos, valores indispensáveis em uma empresa humanizada.

Como a pandemia acelerou o processo de humanização? 

De acordo com o relatório “o futuro do trabalho depois da Covid-19”, publicado pela McKinsey & Company, o trabalho remoto e as reuniões virtuais são tendências que vieram para ficar. Mas quando pensamos em trabalho remoto não estamos falando apenas do famoso home office, pois além dos escritórios modificarem suas operações, as empresas também precisaram digitalizar seus processos de gestão de pessoas. 

Para esse modelo funcionar é preciso ter  sensibilidade para encarar que as pessoas estão trabalhando em casa em meio a uma pandemia, o que é diferente de uma cultura de home office ou trabalho remoto comum. Por isso, ter uma gestão humanizada foi, e ainda está sendo, essencial nas empresas para considerar as incertezas do momento e caminhar lado a lado com as pessoas para desenvolver habilidades como inteligência emocional, autonomia, resiliência, autogestão e tantas outras soft skills que são fundamentais nesse processo.

As juventudes também foram profundamente impactadas com as incertezas da pandemia e esse cenário também contribuiu para despertar um olhar para humanização no trabalho. Os jovens brasileiros querem mais políticas ambientais, sociais e de governança nas empresas, como foi mostrado na pesquisa “Construindo nosso futuro”. 

A pesquisa, que ouviu mais de mil jovens brasileiros sobre diversos assuntos, está disponível em nossos materiais. Quer saber mais sobre o que os jovens pensam? Acesse a pesquisa e entenda como as juventudes enxergam o cenário do país sobre as relações no trabalho que envolvem responsabilidade social, letramento digital, consumo consciente e saúde mental.

 

 

 

 

Adrivania Santos

Mulher, negra e periférica, faço parte do time de conteúdo da Eureca. Por aqui, meu trabalho é transformar dados, conhecimento e vivência em pautas atuais e conteúdos que gerem reflexão, experiências e mudanças na sociedade.

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